Súmula Histórica

O nome de Oliveirinha é-nos legado pela tradição.
Com efeito, em tempos remotos - na palavra dos nossos antepassados - esta área de férteis terras onde hoje assenta a Freguesia de Oliiveirinha era então inabitada.
Situada nas redondezas do Alavarium, e porque os viajantes do Sul teriam de passar por aqui, entre veredas, em primitivos meios de locomoção e "quási sempre pedibus calcantibus", em demanda de antigas povoações romanas situadas a Norte, como Águeda e Talábriga, servir-lhes-ia de ponto de referência, ao longo da caminhada, uma Oliveira pequena, situada nas proximidades do atual recinto da feira, onde por vezes fariam paragem a recuperar as forças.
Há mesmo quem afirme ter-se localizado esta Oliveira onde hoje está implantada a igreja matriz, podendo deduzir-se facilmente que terá sido esta simples árvore a dar o nome à terra , que anónimos padrinhos, supostos primeiros habitantes do burgo, adotaram, legando então o nome de Oliveirinha.
Habitadas desde o século XV, foram estas férteis terras propriedade de várias casas, ordens, conventos e famílias nobres do Reino (de Leão, desde a pré-nacionalidade) até ao referido século XV.
Nesta altura, por determinação do Rei D. João II, são as terras de Oliveirinha (entre outras) doadas a sua irmã, Princesa Santa Joana, no ano de 1485, que em 1488 as aforou a um seu protegido de nome Jorge Silva.
Este juntamente com a sua mulher Isabel Soares, são então os primeiros habitantes conhecidos de Oliveirinha e fundadores do Morgadio de Oliveirinha.
Esta família esteve na posse de grande parte das terras até ao século XVIII. Nos séculos XVI e XVII houve uma explosão de povoamento e desenvolvimento agrícola, tendo as terras em grande parte sido subaforadas e muitas delas vendidas.
A sexta possuidora da família Silva, casada, sem filhos, faleceu, pelo que o marido Bento de Almeida Cabral, filho de Luíz Cardoso Matoso, casou segunda vez, tendo nascido um filho deste casamento, de nome Romualdo Matoso, herdeiro do Morgadio de Oliveirinha, herdando assim não só os bens vindos dos Silva, mas também quintas do Rabaçal e Espinhal.

Romualdo foi cavaleiro da Ordem de Cristo e menbro de Santo Ofício, tendo sido o primeiro a assinar o pedido de aprovação dos estatutos da Irmandade da Senhora dos Remédios, em 1753, ainda hoje existente.
Em 1826, D.Maria Augusta de Menezes Silveira, única herdeira do Morgadio, bisneta de D. Romualdo, casa com D. Joaquim Francisco de Castro Pereira Corte-Real, nobre da casa de Fijó da Vila da Feira, sendo desta data o brasão da Casa do Morgadio de Oliveirinha (estilo neoclássico rural), antecedido pelo brasão da Casa da Granja, dos primeiros habitantes já referidos da freguesia, os Silva.
Em 1846, um Decreto Régio vem abolir a obrigação do pagamento dos foros.
Entretanto, é iniciado o desmembramento da então freguersia de Eixo, à qual as terras de Oliveirinha, Moita, Granja, Valade e Quintãs estavam ligadas, o que culminou com a criação desta freguesia por Decreto da Rainha D. Maria II, em 2 de maio de 1849.
É por esta altura (1860 e 1863)que são publicadas leis, acabando com os Morgadios existentes no Reino, pelo que D. Francisco Joaquim de Castro Pereira Corte-Real, foi o último titular do Morgadio. Foi então Presidente da Câmara Municipal de Aveiro, em 1857 e 1858.
Do casamento de D. Maria Augusta com D. Francisco Joaquim nasceram seis filhos, de onde se destacam três: Augusto Maria de Castro, licenciado em direito e Juiz do Supremo Tribunal, que por sua vez teve dois filhos, tendo um deles, Dr Augusto de Castro, sido embaixador de Portugal em Londres e no Vaticano, José Luciano de Castro, licenciado em direito, Juiz do Supremo Tribunal Administrativo, Jornalista, Líder do Partido Progressista, Deputado e Ministro da Justiça em 1869 e Presidente do Conselho de Ministros em 1886 (sendo Rei D. Carlos I), tendo vindo a falecer em 1914; Francisco de Castro Matoso da Silva Corte-Real, também licenciado em direito, deputado por Aveiro em 1884 e por Coimbra em 1887, par do Reino em 1898, Presidente do Tribunal de Relação de Lisboa em 1900 e Juiz Conselheiro do Supremo Tribunal de Justiça em 1901, Presidente da Comissão para a criação do Hospital de Aveiro e seu grande impulsionador e primeiro contribuinte, Ministro das Obras Públicas (ficando a ele a dever-se a construção da Ponte sobre o Vouga em São João de Loure e a estação dos Caminhos de Ferro de Quintãs, entre outras), homem sensível aos problemas do mundo rural, a quem os agricultores muito devem na liberalização do uso e posse da terra, que viria a falecer em 1905.

E falando em figuras ilustres da freguesia, por aqui nasceu também Tomé de Barros Queirós, que foi Vereador da Câmara Municipal de Lisboa, Presidente do Conselho Disciplinar do Ministério das Finanças, Secretário Geral do mesmo Ministério, Diretor Geral da Fazenda Pública, Deputado, Vice-Presidente da Câmara de DEputados e Ministro das Finanças em 1915, e que faleceu em 1926, e mais recentemente Arnaldo de Almeida Vidal, que foi homem reconhecido pelo seu espírito esclarecido e consciência reta, como Magistrado, Juiz Conselheiro do Supremo Tribunal de Justiça e seu Vice-Presidente.
Na atualidade, outros naturais desta freguesia se salientam nos mais diversos meios da vida nacional, mantendo assim bem alto o prestígio desta Freguesia e dos seus naturais, de que nos orgulhamos.